Estranhamente estranha

Ando assim... estranhamente estranha. Paciência zero, tolerância nenhuma. Me irrita a cantoria da faxineira, o toc-toc do sapato da moradora do andar de cima, a lâmpada que queimou e ainda não foi trocada, a batida de porta. No trânsito uma louca. No trabalho impaciente. Em casa uma louca impaciente histérica. Ímpetos de esganar o primeiro que atravessar meu caminho. E reclamona!!! Reclamo do frio, da comida, dos afazeres... reclamo da vida. Chata! Chata! Chata! Marido anda fugindo de mim, filha olhando torto sem entender. Não tem nada para entender. Não é a TPM, não é nada. Sou eu. Ou é a lua. Ou uma fase. Ou esse maldito catéter que não tirei ainda e que me incomoda 24 horas por dia. Achei o culpado...sim, é ele. No entanto, nada a fazer. Só esperar até o dia da retirada. Enquanto isso vou amaldiçoando o médico, os rins, a recepcionista que ficou de ligar e até agora nada... Estranha, impaciente, intolerante, louca, histérica, reclamona, chata. Chata! Chata! Chata! Nem eu ando me aguentando por esses dias.